Negra, alta e black power: jogada de casa em casa na infância, Alessandra foi salva pelo basquete
Campeã mundial e dona de duas medalhas olímpicas perdeu os pais muito nova, mudou de vida ao chegar à seleção e viu mais racismo no Brasil do que nos dez países em que morou no exterior
Em depoimento a Helena Rebello interativos.globoesporte.globo.com/
JOGADA DE CASA EM CASA
Em novembro fui apresentar meu projeto no Mestrado. Para chegar no meu projeto, eu tinha que apresentar minha história de vida. No dia da apresentação liguei para minha irmã às 6h da manhã. Ela mora na Itália. Ela desabou. Temos mais de 40 anos, e nós nunca tínhamos conversado sobre isso. Apresentei o trabalho mal, pensando que magoei minha irmã. Mas é a nossa história, é a nossa vida.
A gente tinha uma condição boa quando eu era bem criança. Morávamos em apartamento próprio e tinha até televisão! Meu pai trabalhava na Corretora de Valores, apesar de ser negro. Antes ele pensava em ser padre, então falava latim, falava três línguas. Conseguiu um emprego bom. Minha mãe era manicure. Quando eu tinha quatro anos ela ficou grávida da minha irmã. E um dia ela caiu dentro de casa.
Fui morar com a minha avó. Não sei quanto tempo minha mãe ficou internada, e aí fomos buscar minha irmã. Eu falava que não queria minha irmã, queria buscar minha mãe. Fiquei chorando, esperando minha mãe toda noite.
Foram praticamente dois anos achando que minha mãe ia voltar, e ninguém me falava que ela tinha morrido. Só descobri que minha mãe morreu quando minha avó morreu. E aí começaram as diferenças.
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