Quero começar o novo ano fazendo um breve retrospecto de como foi 2020 para Mulheres à Cesta. Em 2020 realizamos o sonho de trazer para as telas o documentário “Mulheres à Cesta”, com direção e roteiro assinados por Sílvia Spolidoro e Hellen Suque. Agradeço imensamente as duas por terem acreditado no projeto de adaptar o livro. Neste mesmo ano, com o apoio de Taís Saraiva e da equipe da Miss Lily, criamos o site “Mulheres à Cesta” com a intenção de integrarmos o livro e o documentário em um ambiente digital, em sintonia com nossas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube e Spotify), para trazer visibilidade ao basquete feminino no Brasil.

Devido a pandemia, o filme não foi lançado no cinema com um pocket show de Simone, como havíamos planejado. Todavia, ganhamos da Cigarra presença em suas entrevistas para jornais, revistas, televisão e uma live inteira no dia do lançamento do filme na plataforma do site. Nossa gratidão à tanta generosidade, não se traduz em palavras. Recebemos também vídeos de Magic Paula, Adriana Santos, ganhamos o apoio da imprensa esportiva e um público fiel nas lives de domingo.

De Ricardo Trade, o Baka, recebemos o legado de termos criado mais do que um livro ou um filme. Segundo Baka, demos início ao movimento Mulheres à Cesta. Esta responsabilidade que nos foi dada tem, então, como maior objetivo criar um espaço para mostrar a força da mulher no esporte, a partir do basquetebol feminino.

Nosso movimento nasceu em meio ao caos de uma era indescritível, de acontecimentos inéditos a experiência da nossa geração. Em nenhum momento esquecemos o que estava ocorrendo no Brasil e no mundo. Perdemos pessoas queridas, abraçamos outras que perderam amigos, parentes, conhecidos; vimos amigos em pânico porque estavam com o vírus, conversamos com pessoas impedidas de treinar seus atletas, seus alunos e pessoas que não puderam parar de trabalhar.

Neste espaço de escuta, compaixão e empatia não conseguimos comemorar o lançamento da 2° edição do livro, lançamento do documentário, do site, das redes sociais e até mesmo a criação do movimento. Porém, agradecemos por estar presente neste momento tão duro, falando de esperança, reconhecimento, inspiração, liderança, visibilidade e resgatando memórias de atletas tão importantes para o Brasil e para o mundo.

Mulheres à Cesta entra em 2021 construindo parcerias, estabelecendo metas e trocando ideias para que a visibilidade do basquete feminino não fique apenas na discussão, mas transforme-se em uma ação conjunta entre atletas, técnicos/as, dirigentes e sociedade.

Neste ano que se inicia, desejo a vocês A Síntese da Felicidade, por Carlos Drummond de Andrade:

“Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar-se numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.”

Muitas Cestas!
Obrigada,

Claudia Guedes