Nascida em Sorocaba e de família pobre, Benedita Anália de Castro conheceu o basquetebol por meio da observação das aulas na escola onde estudava.
“Eu tinha vergonha de chegar e pedir para entrar, para aprender, porque eu não sabia como chegar para fazer aquilo. Então, quando eu ia para casa, eu fazia a cestinha, de arame, amarrava na árvore, numa parede. Pegava essas bolinhas de tênis e ficava jogando, arremessando a bolinha naquele aro de arame que eu fazia no quintal, de tanta vontade que eu tinha de aprender jogar.”, relembra Benedita ao contar sua história para Claudia Guedes, autora do documentário e livro Mulheres à Cesta.
A estreia de Benedita nas quadras coincidiu com a inauguração do ginásio de Sorocaba, em 1950. Além do time da cidade de Sorocaba, Bene – como era chamada – passou pelo Clube Atlético Votorantim e São Bento de Sorocaba.
Mas antes de seguir carreira como atleta precisou convencer a família. “Na época, meu pai não queria. Existia muito preconceito. Meu pai dizia que se fosse homem ia jogar futebol, mas é mulher não vai jogar nada. Era coisa dele.”, conta.
Mas tudo mudou quando o pai de Benedita a viu jogar pela primeira vez. “Ele caiu duro, porque eu era espoleta demais.”
Em 1959, Benedita casou-se e, um ano depois, teve seu primeiro filho.
Em 1964 foi convocada para jogar na seleção brasileira e depois ficou cinco anos sem ser chamada até disputar o Mundial de 1971, ano em que foi também considerada a melhor jogadora do Estado de São Paulo e a melhor jogadora de todos os jogos abertos!
Mas para conseguir seu espaço no time de 71, apesar dos ótimos resultados, não foi fácil. “Quando saiu a convocação e vi que não fui chamada fui falar com meu técnico. Foi quando fiquei sabendo que era porque eu já era casada. Fiquei brava e resolvi escrever uma carta para a Confederação e imediatamente veio a convocação e foi incrível disputar “aquele” mundial. A gente se uniu mesmo, foi uma coisa maravilhosa.”, relembra toda saudosa.
E você quiser saber mais sobre a história de Benedita e as outras mulheres que fizeram história no basquete feminino do Brasil até o Mundial de 1971, assista o documentário “Mulheres à Cesta” em nosso canal no Youtube.