O talento continua surgindo nas quadras, mas os resultados mostram que ainda há um longo caminho para o basquete feminino de base no Brasil alcançar o protagonismo que já teve.
			
				
A recente campanha da Seleção Sub-17 no Sul-Americano — marcada por empenho, evolução e entrega — reforça tanto o potencial das jovens jogadoras quanto os desafios estruturais que ainda impedem o país de voltar ao pódio continental e mundial.
A base existe, mas precisa florescer
O Brasil é um celeiro de talentos. Nas quadras escolares, em projetos sociais e clubes locais, meninas seguem descobrindo o amor pela bola laranja. Porém, o que falta é continuidade. Muitos desses talentos não encontram caminhos estruturados para evoluir — faltam campeonatos regulares, acompanhamento técnico e investimento em formação esportiva de longo prazo.
Enquanto países como Argentina, Colômbia e Chile têm fortalecido suas competições nacionais de base, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em integrar escolas, clubes e federações de forma coordenada.
Estrutura e investimento: o desafio fora das quadras
Grande parte das equipes de base femininas sobrevive com recursos limitados e apoio pontual. Faltam patrocínios, bolsas-atleta e infraestrutura adequada para treinos e viagens.
Essa carência reflete-se diretamente na performance: não há como competir em alto nível sem condições mínimas de preparo físico, técnico e emocional.
É preciso olhar para a base não como gasto, mas como investimento no futuro da modalidade, garantindo que mais meninas tenham acesso a treinar, competir e sonhar com uma carreira no esporte.
O papel das escolas e projetos sociais
As escolas e projetos sociais são a porta de entrada para o esporte feminino. Programas locais, muitas vezes liderados por treinadoras apaixonadas, têm papel essencial em incluir meninas no esporte e identificar talentos.
Mas para que essa ponte funcione, é necessário ampliar o apoio institucional, conectar esses projetos com federações regionais e criar caminhos reais para que atletas em ascensão cheguem às seleções estaduais e nacionais.
Representatividade que inspira
Quando meninas veem Damiris, Kamilla Cardoso ou Tainá Paixão brilhar na seleção principal, entendem que também podem chegar lá.
Por isso, é essencial fortalecer a visibilidade das jogadoras e das competições de base — dar espaço para suas histórias, estatísticas e desafios. O espelho de quem já chegou é o combustível para quem está começando.
O futuro depende da base
O retorno ao pódio não virá apenas de campanhas pontuais, mas de um projeto de país.
O basquete feminino brasileiro precisa de políticas de desenvolvimento contínuo, integração entre clubes, federações e escolas, e valorização das profissionais que constroem o caminho desde a base: técnicas, preparadoras, psicólogas, nutricionistas e fisioterapeutas.
Com investimento, planejamento e visibilidade, o Brasil pode — e deve — retomar o lugar que sempre lhe pertenceu: o de potência no basquete feminino.